HC testará o 5G para monitorar pacientes longe de São Paulo com o propósito de reduzir cada vez mais a desigualdade social em outras localidades do país
O leilão do 5G, realizado recentemente no Brasil, mostra um importante passo para o país. Isso porque as possibilidades da tecnologia são inúmeras. Ela pode melhorar o dia a dia de empresas e hospitais. No primeiro caso, ela é capaz de otimizar processos. E no segundo, a ideia é reduzir desigualdades sociais.
Ainda no caso dos hospitais, exames médicos poderão ser realizados de forma remota. É o que pretende fazer o Hospital das Clínicas de São Paulo a partir de janeiro de 2022.
HC testará o 5G para monitorar pacientes à distância
O HC testará o 5G para monitorar pacientes, residentes de regiões isoladas da cidade de Santarém, no Pará. Para isso, os equipamentos portáteis irão de barco a localidades onde, normalmente, nenhum médico chega. Além disso, pessoas de lá serão treinadas para estarem aptas a realizar o exame.
De acordo com o médico radiologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Marcos Menezes, com a velocidade da tecnologia 5G será possível “acessar o especialista aqui em São Paulo”. A pessoa que está longe do hospital poderá se conectar e receber ajuda e até mesmo a “segunda opinião de um especialista aqui em São Paulo”.
População excluída terá mais acesso
Para o presidente da Comissão de Inovação do HC, Giovanni Guido Cerri, o 5G “vai melhorar o acesso de uma população que hoje está excluída ou tem dificuldade de conversar com seu médico, seu profissional de saúde. Vai diminuir as desigualdades, porque isso vai possibilitar capacitar profissionais em diferentes regiões do país”.
Projeto OpenCare 5G
Além disso, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) é a primeira instituição médica nacional a buscar novas possibilidades oferecidas por esta tecnologia. Sendo assim, ela acaba de anunciar uma parceria com um ecossistema de empresas para testar as aplicações da rede mais veloz na saúde e em pesquisas na área da medicina.
Chamado de OpenCare 5G por se basear no uso de um modelo de OpenRAN conta com participantes dos setores tecnológicos, governamentais, institucionais e financeiros para construir uma rede privada.
Parceiros
Entre os parceiros, estão: o Itaú Unibanco, Siemens Healthineers, NEC, Telecom Infra Project (TIP), Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
O Itaú Unibanco possui experiência tecnológica e de aplicações prévias do 5G. O banco alocará parte de seus centros de dados para a realização de pilotos com a rede privada. Já a Siemens fornecerá seu software de Inteligência Artificial usado para diagnósticos e outros fins, e do “syngo Virtual Cockpit” para controle remoto de equipamentos médicos.
O Telecom Infra Project (TIP), especializado em prover serviços de rede, é o responsável pelo conceito de OpenRAN. No projeto, ele entrará com os equipamentos para a instalação do 5G.
A NEC vai instalar e configurar a rede no ambiente de tecidos, cedido pelo InovaHC. Esta divisão é voltada a pesquisas do Hospital das Clínicas, e o Data Center do Itaú. Por sua vez, Poli-USP será responsável pela arquitetura do sistema.
Entidades governamentais
Por outro lado, integrantes da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) também possuem experiência em testes com a nova rede no país. Isso tudo junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O órgão realizou ensaios com a tecnologia na área industrial e do agronegócio, além de cidades inteligentes.
Como serão os testes no HC
De acordo com o diretor de Inovação do Hospital das Clínicas, Marco Bego, o objetivo do OpenCare 5G é testar as tecnologias em situações reais e “analisar como a conectividade do 5G pode auxiliar em diversas áreas da medicina”. Além de atrair interesse de investidores e colaborar para o crescimento das “medtechs” e “healthtechs”.
Por fim, o projeto que tem início previsto para janeiro de 2022, pretende testar a realização de exames de ultrassom, pré-laudos de tomografias e exames com raios-X, ressonância magnética e radioterapia. Todos deles usando a mínima latência da quinta geração da rede nas dependências no Hospital das Clínicas.
*Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal