Estrelas brilhantes parecem prejudicar a nebulosa de Órion
Novas observações do telescópio James Webb sugerem que algumas estrelas brilhantes parecem prejudicar a formação de planetas na nebulosa de Órion. De acordo com os novos dados, o disco de gás e poeira ao redor de uma estrela jovem está perdendo grandes quantidades de hidrogênio a cada ano, portanto, o processo pode ser afetado, uma vez que este disco é uma região de formação planetária.
Estrelas do aglomerado do Trapézio
As estrelas em questão são as do aglomerado do Trapézio, formado por vários objetos jovens. Elas são quase 100 mil vezes mais brilhantes que o Sol. Neste caso, as observações do Webb indicam que a radiação ultravioleta emitida pelas estrelas está aquecendo o gás e poeira do disco protoplanetário d203-506. Ele cerca uma estrela do tipo anã vermelha, e tem uma molécula fundamental com carbono em sua estrutura.
Como o nome indica, o disco protoplanetário é uma região de gás e poeira onde planetas podem ser formados. No caso, a luz ultravioleta é tão intensa que pode evitar a formação de grandes planetas por lá: a radiação está fazendo com que d203-506 perca quantidades importantes de material de formação planetária, que escapa para o espaço.
Olivier Berné, cientista do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, conta que “em uma escala de tempo de um milhão de anos, toda a massa deve ter saído deste disco”. Segundo ele, é como se o material em escape estivesse competindo com a formação dos planetas.
Nebulosa de Órion
Além de ser jovem, a Nebulosa de Órion tem entre 30 e 40 anos-luz de diâmetro, o que significa que muito da matéria perdida do disco deve permanecer em seu interior. Entretanto, a má notícia é que o gás e a poeira não vão mais ser os “ingredientes” que poderiam servir para a formação de planetas.
Vale destacar que o Sistema Solar é 4 mil vezes mais antigo que d203-506, e também sofreu influência de uma ou mais estrelas massivas durante sua formação. “Olhar este sistema [d203-506] é realmente como olhar o passado do nosso Sistema Solar, de certa forma”, finalizou Berné.
O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista Science.
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/estrelas-douradas-de-glitter-fundo_892987.htm#fromView=search&page=1&position=6&uuid=2ece1a77-873d-43cf-9325-39ffc31d7fbc