Doença X se refere a possíveis estratégias contra patógenos ainda desconhecidos
Olhando para o passado, muito provavelmente, a covid-19 não será a última pandemia a colocar em risco a espécie humana. E para se antecipar e organizar possíveis estratégias contra patógenos ainda desconhecidos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou o termo “Doença X”.
O que é Doença X?
A expressão Doença X se refere ao próximo vírus, bactéria ou mesmo fungo que será capaz de desencadear uma pandemia global. Ou seja, adoecer pessoas em todo o mundo, ao mesmo tempo.
Para combater essa infecção misteriosa, a OMS lista as iniciativas que considera determinantes para que a doença seja combatida. E isso obrigatoriamente envolve a colaboração internacional. Veja a seguir.
Além disso, é preciso explicar que, regularmente, a OMS publica uma lista de patógenos emergentes, para os quais devem ser desenvolvidas novas terapias, formas de prevenção e pesquisas como um todo.
Desde 2017, essa seleção inclui a misteriosa Doença X — o termo guarda-chuva para se referir a um agente infeccioso que pode desencadear uma nova pandemia, segundo a ciência, ela será ainda mais mortal que a Gripe Espanhola no pior dos cenários.
Hoje, o entendimento é que a hipotética Doença X seja um patógeno de origem zoonótica — que surgiu em animais, selvagens ou não, e “pulou” para a espécie humana. É o que indica as análises sobre o passado recente. Entre 1940 e 2004, surgiram 335 novos agentes patogênicos, sendo que 60% tinham origem zoonótica.
Vírus
Outra aposta é que o patógeno possivelmente seja um vírus, oriundo de regiões tropicais do globo, com ampla biodiversidade, e que passa por mudanças no uso da terra desencadeadas pela ação humana, como o desmatamento.
Características
Segundo a classificação da OMS, a possível Doença X deve se enquadrar nos quatro seguintes critérios:
- A população mundial não terá imunidade prévia contra o agente infeccioso;
- A propagação da doença misteriosa ocorrerá pelo ar, através de aerossóis;
- Inicialmente, não existirão medicamentos e nem vacinas eficazes;
- Pessoas transmitirão a doença, mesmo sem saber, no início da infecção, o que permitirá a disseminação global.
Vacina pronta em 100 dias
Na última pandemia, os cientistas levaram 326 dias contados a partir da divulgação da sequência genética do coronavírus SARS-CoV-2 até a aprovação do primeiro imunizante contra a covid-19 pelas agências reguladoras.
Este foi um tempo recorde na história da ciência. Contudo, dependeu da adaptação das plataformas e das pesquisas já em andamento com vacinas de RNA mensageiro (mRNA) contra outros vírus. Inclusive, os cientistas responsáveis receberam o Prêmio Nobel neste ano pelo feito.
No caso da Doença X, a expectativa da The Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (CEPI) é que todo esse processo caia para apenas 100 dias, após a descoberta de um novo vírus com potencial pandêmico. Todavia, a plataforma que irá criar esse feito da ciência moderna ainda não está pronta, e dependerá de investimentos milionários e do uso massivo da inteligência artificial (IA).
IA contra pandemias
Hoje, este combate pode ser feito com o uso da IA dentro da medicina. Se no desenvolvimento da vacina contra a covid-19, ela foi fundamental, será ainda mais necessária neste futuro hipotético. Só que não se limitará aos imunizantes.
Por exemplo, a IA ajudará a selecionar moléculas promissoras que poderão ser usadas para combater o novo patógeno em tempo recorde — hoje, remédios desenhados pela IA generativa já estão em testes com humanos. Também permitirá alocar melhor os recursos dentro de hospitais e, eventualmente, ajudar na triagem dos pacientes de risco.
Além disso, “um dos pontos fortes que estamos observando nas abordagens baseadas em IA para analisar grandes conjuntos de dados é a capacidade de identificar sinais precoces de possíveis anomalias na saúde pública”, afirma Alain Labrique, diretor do Departamento de Saúde Digital e Inovação da OMS, para o jornal EuroNews.
Em suma, a IA poderá soar o alerta vermelho de que uma nova pandemia se aproxima da humanidade antes mesmo que as pessoas tenham a real noção do risco. Só que, novamente, isso só acontecerá em um mundo conectado, onde informações da área de saúde são compartilhadas sem o limite das fronteiras geográficas.
Por fim, uma doença misteriosa que mata misteriosamente pessoas em Madagascar, por exemplo, precisará ser encarada com a mesma seriedade caso fosse registrada em hospitais da Inglaterra.
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