De acordo com Renan Lemos Villela, apesar dos riscos, os avanços tecnológicos podem reduzir custos e aumentar a eficiência do setor
O debate sobre o uso das inteligências artificiais em diversos segmentos cresce à medida que as empresas compreendem as suas vantagens, assim como as suas limitações. Apesar dos benefícios dessas novas tecnologias, ainda há debates importantes para garantir sua eficiência.
Com o lançamento do GPT-4, sistema de inteligência artificial criado pela OpenAI, profissionais da área tributária enxergaram a possibilidade de usar esse recurso para automatizar tarefas como a identificação de fraudes e a análise de declarações fiscais.
Para avaliar esse assunto, conversamos com o advogado tributarista Renan Lemos Villela. Para ele, os avanços tecnológicos podem reduzir custos e aumentar a eficiência no cumprimento da legislação tributária, mas há riscos, uma vez que essa é uma das áreas mais complexas do setor público e empresarial.
A complexidade da área tributária
Apesar da complexidade da legislação tributária, a utilização de métodos como o GPT-4 representa uma maneira ágil de solucionar questões tributárias. “A inteligência artificial pode automatizar processos repetitivos como a coleta e a análise de dados fiscais, mas devido à complexidade desta área e às diferenças de aplicação em cada país, há pontos a melhorar”, explica Renan Lemos Villela.
Algoritmos avançados de machine learning podem identificar padrões e anomalias em grandes volumes de dados, facilitando a identificação de atividades suspeitas que podem escapar aos métodos tradicionais de auditoria. Isso fortalece a capacidade dos governos de combater a sonegação fiscal e aumentar a arrecadação de tributos.
Métodos de processamento de linguagem natural
Métodos de processamento de linguagem natural (PLN) têm o objetivo de permitir que as máquinas interpretem e compreendam locuções humanas de forma natural. O GPT-4 pertence a um campo da inteligência artificial generativa, que tem a capacidade de gerar conteúdo a partir de prompts.
Na área tributária, é possível automatizar tarefas, reduzindo o tempo de processamento de informações fiscais e auxiliando os contribuintes a identificarem erros nesses dados, evitando multas e penalidades.
“Vale destacar que a inteligência artificial ainda impõe desafios para a área tributária, como dificuldades relacionadas à segurança de dados e à privacidade dos contribuintes. As empresas que aplicarem esse recurso precisam adotar medidas para evitar vazamentos”, sinaliza o advogado.
A inteligência artificial também contribui para a personalização e o atendimento ao cliente no setor tributário. Chatbots e assistentes virtuais, por exemplo, oferecem suporte imediato e preciso aos contribuintes, respondendo a perguntas frequentes e orientando sobre procedimentos fiscais.
Do lado do fisco
Do lado do fisco, a inteligência artificial auxilia na análise de um grande volume de dados fiscais, identificando possíveis evasões. Essa aplicação já ocorre atualmente com o uso do Sistema de Seleção Aduaneira por Aprendizado de Máquina (Sisam), que fornece interpretações em linguagem natural.
A questão para a aplicação das novas tecnologias no setor público está na falta de acesso ao código dos modelos de IA. Essa restrição dificulta a compreensão da tecnologia e a aplicação de modelos seguros. Por isso, a análise humana regular e estratégias de intervenções ainda são fundamentais para inserir inteligências artificiais na área tributária.
Para Renan Lemos Villela, é importante unir os setores público e privado em iniciativas de investimento e especialização em IAs. Dessa forma, é possível levar para as empresas, profissionais capazes de estabelecer regulamentações para o uso ético dessas tecnologias transformadoras.
Foto: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/o-logotipo-ai-aberto-e-exibido-em-uma-tela-de-computador-hZkOZGtlA5w