O sistema é amplamente usado em criptomoedas, mas também pode ser aplicado para proteger registros públicos e organizar cadeia de suprimentos
Blockchain é uma tecnologia que atua como um livro-razão digital distribuído e seguro. As informações são armazenadas em blocos interconectados em uma cadeia. Cada bloco contém um conjunto de transações; uma vez que é adicionado à cadeia, os dados não podem ser alterados sem modificar os blocos anteriores, o que torna o sistema mais seguro.
A ideia dessa tecnologia é descentralizar o controle da informação, eliminando a necessidade de intermediários, como bancos ou sites governamentais, para validar transações, o que pode reduzir custos e aumentar a eficiência. Várias partes dessa rede (chamadas de nós) trabalham em conjunto para manter e verificar os registros.
“Semelhante ao HTTP em sua infância, o potencial total da blockchain ainda não pode ser compreendido. No entanto, a tecnologia de contabilidade descentralizada já está virando vários setores, como bancos e cadeias de suprimentos, de cabeça para baixo”, explica o consultor de fundos Armin Altweger.
Benefícios da tecnologia blockchain
Além da descentralização citada, outro benefício é a segurança. A partir do uso de criptografia e das ligações entre os blocos criados com os anteriores, é difícil alterar dados já registrados, tornando o sistema mais resistente a fraudes.
“Cada novo bloco precisa ser confirmado por meio da função hash, um código gerado matematicamente que transforma a informação digital em uma sequência de números e letras, por uma rede de ‘nós’ descentralizados. Isso garante redundância completa, transparência e a irreversibilidade”, explica Armin Altweger.
A transparência também é uma vantagem significativa, já que todas as transações são registradas de maneira pública e verificáveis por qualquer participante da rede. Além disso, a blockchain possibilita o uso de contratos inteligentes, que são programas autoexecutáveis que automatizam acordos, dispensando a necessidade de intervenção manual.
A imutabilidade dos dados – os registros não podem ser alterados após serem adicionados à blockchain –, traz confiabilidade a sistemas de registros de propriedade e auditorias.
Tipos de redes blockchain
Existem três tipos principais de redes blockchain, cada uma com características e finalidades específicas:
1. Blockchain Pública
É uma rede aberta e descentralizada, onde qualquer pessoa pode participar como usuário ou minerador. Um exemplo é o Bitcoin. Nessa rede, todos têm acesso às transações e à validação de blocos, promovendo transparência.
2. Blockchain Privada
Diferente da pública, a blockchain privada é controlada por uma organização específica, que restringe o acesso e a participação na rede. Apenas usuários autorizados podem validar transações. Essa configuração é mais comum em empresas que buscam eficiência e controle interno.
3. Blockchain Permissionada (ou híbrida)
Combina características da blockchain pública e privada. Ela é parcialmente aberta, permitindo a participação de usuários autorizados, mas com controle de quem pode validar transações. É usada em projetos que requerem colaboração entre empresas, como cadeias de suprimento.
Blockchain aplicada no mercado de fundos
No gerenciamento de fundos, ela pode ser usada para registrar todas as transações de compra e venda de ativos de forma imutável e auditável, facilitando o rastreamento das operações e eliminando a necessidade de intermediários, como corretores ou bancos, reduzindo custos operacionais.
Além disso, a blockchain pode simplificar processos de liquidação e compensação, permitindo que as transações sejam processadas em tempo real, o que acelera o ciclo de negociação e diminui o risco de erros.
Outro uso importante está na possibilidade de criar contratos inteligentes, que automatizam a execução de determinadas condições contratuais, como a distribuição de dividendos ou a realização de aportes, garantindo mais rapidez e precisão.
Desafios enfrentados na aplicação da blockchain
Um dos principais desafios na aplicação da blockchain está na adaptação de empresas já estabelecidas, o especialista avalia que, para sobreviver e prosperar neste novo ciclo tecnológico, os grandes players precisam se abrir para o desenvolvimento desta tecnologia.
“Diferente das últimas revoluções de HTTP e Web 2.0, a velocidade de transição e aceitação de novas tecnologias aumentou significativamente, o que é um veneno para o processo de gerenciamento de mudanças frequentemente lento dos participantes do mercado”, afirma Armin Altweger.
Para ele, esta pode ser uma tarefa difícil, pois recursos já escassos, como desenvolvedores, precisam ser alocados para projetos incertos e o envolvimento da alta administração é necessário para começar a entender o conceito e fornecer informações sobre possíveis aplicações da tecnologia.
“As empresas estabelecidas precisam começar rapidamente a compreender, experimentar e utilizar tecnologias de blockchain para se manterem competitivas nos próximos anos. Por outro lado, as empresas menores podem fazer uso de dessas tecnologias para entrar em mercados com barreiras de entrada tradicionalmente altas, como bancos e cadeias de suprimentos”, conclui ele.
Sobre o especialista Armin Altweger
Armin Altweger é um empreendedor com vasta experiência em finanças, desenvolvimento de produtos e inovação, além de ter vivido no Brasil por uma década. Com passagens por empresas multinacionais, ele é fluente em três idiomas e possui formações em Gestão Internacional, Economia e Gestão de Produtos, além de ser candidato ao CFA Nível 2 e piloto privado.
Em 2010, cofundou a W1 Finance, onde liderou a expansão da empresa e desenvolveu um software de gestão financeira. Desde 2019, Altweger trabalha como consultor de fundos FIDC no Brasil, concentrando-se na integração da tecnologia blockchain para aprimorar a segurança e a transparência das operações financeiras.
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