Dinheiro em espécie perde espaço para meios eletrônicos de pagamento

Dinheiro em espécie perde espaço

Dinheiro em espécie perde espaço, uma vez que cada vez mais estabelecimentos aceitam formas eletrônicas para receber os valores dos clientes

A digitalização do mercado vem evoluindo rapidamente e faz com que o dinheiro em espécie perca espaço. Soluções como o Pix e as carteiras digitais caíram definitivamente no gosto dos brasileiros. Sendo assim, novas ferramentas e tecnologias surgem a fim de suprir a demanda por maior agilidade, segurança e, é claro, aumento no volume de transações. No caso do Pix, a modalidade foi a mais utilizada dos últimos tempos, com 24 bilhões de operações, seguida por cartão de crédito (18,2 bilhões), cartão de débito (15,6 bilhões), boleto (4 bilhões), TED (1,01 bilhão) e cheques (202,8 milhões).

De acordo com o ex-VP de Tecnologia e Digital da Caixa, Cláudio Salituro, o Pix é um divisor de águas nas operações bancárias, tornando-se a primeira opção dos clientes devido à sua gratuidade e instantaneidade.

Dinheiro em espécie perde espaço

Além disso, para os empreendedores, acompanhar as tendências nessa área e oferecer diversas possibilidades de transações se tornou essencial para o sucesso do negócio.

Se até pouco tempo, a maior parte das transações comerciais eram baseadas no uso de papel moeda, de cheque e, em menor medida, de cartão de crédito, a realidade hoje é bem diferente, e o dinheiro em espécie perde espaço diariamente.

Hábitos de pagamento

Para se ter uma ideia da dimensão do avanço dos meios eletrônicos de pagamento, basta pensar sobre os hábitos de pagamento. Quando foi a última vez que você preencheu um cheque? E quando precisou realizar um pagamento em dinheiro por que o estabelecimento não aceitava outro formato? Provavelmente a resposta para pelo menos uma das perguntas vai mostrar que a maior parte das transações feitas no seu dia a dia inclui meios digitais de pagamentos.

Contudo, tais formas de pagamento estão associadas às novas formas de consumo. Além disso, o e-commerce está cada vez mais presente no cotidiano e tornou possível comprar os mais diversos itens pela internet em poucos minutos. Estima-se que, em 10 anos, as vendas online no Brasil tenham passado de um faturamento de R$ 22,5 bilhões em 2012 para R$ 169 bilhões em 2022, conforme dados da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).

As compras pela internet seguem crescendo e, atualmente, representam aproximadamente 10% de todo o segmento do varejo nacional, segundo levantamento da entidade sobre o fluxo de 2022. Para acompanhar esse fenômeno, os meios de pagamentos também tiveram de mudar.

Necessidade de adaptação

Segundo o especialista em Finanças do Sebrae-RS, Rômulo Tevah, tanto os negócios online, que tiveram enorme crescimento nos últimos anos devido à pandemia da Covid-19, quanto os estabelecimentos físicos despertaram para a necessidade de oferecer diferentes possibilidades de compra aos clientes.

“O fato de as empresas estarem fechadas e terem de partir de forma rápida e simplificada para o online obrigou os empreendedores a adaptar também suas formas de receber dos clientes. Empresas que não estavam habituadas ou preferiam modelos tradicionais, tiveram que se adaptar obrigatoriamente. E quem não acompanha as preferências do cliente corre sério risco de não fechar negócio.”

E é exatamente por isso que novos formatos, como o Pix, rapidamente deixaram de ser tendência para se tornarem extremamente populares, tomando o lugar dos boletos bancários e até mesmo de cartões de débito e crédito. Em 2022, enquanto a movimentação dos cartões de débito cresceu 7,4% e atingiu R$ 992,4 bilhões, o Pix alcançou R$ 10,9 trilhões em transações, mais do que o dobro do valor registrado em 2021, segundo dados do Banco Central (BC).

Caiu no gosto dos brasileiros

Lançado em novembro de 2020, esse modelo de transferência imediata sem a cobrança de taxas caiu rápida e definitivamente no gosto dos brasileiros. E pouco mais de dois anos depois, em março ultrapassou a marca de 146 milhões de usuários e já conta com 501 milhões de chaves, segundo as mais recentes estatísticas do Banco Central (BC). A maior parte dos usuários tem entre 20 e 39 anos. Porém, percebe-se adesão entre todas as idades.

Por outro lado, o papel moeda segue relevante, salienta Tevah. Apesar da disseminação desta transferência bancária facilitada e de fintechs, quase 20% da população adulta brasileira não possuem conta bancária. Soma-se a isso o fato de que o brasileiro em geral ainda enfrenta grande dificuldade no acesso ao crédito ou conta com limites relativamente baixos.

Conhecendo o cliente

Diante deste último cenário, a dica mais importante dada por Tevah a quem procura o Sebrae-RS é: conheça o seu cliente de verdade.

“É importante que todo lojista esteja olhando para as tendências, entenda o que está acontecendo no mercado e avalie de acordo com o seu negócio. Faça uma reflexão se o meio de pagamento vai ser utilizado pelo perfil de público que atende ou se trará algum tipo de diferenciação.”

Além disso, meio de pagamento são extremamente associados à cultura local e à realidade socioeconômica do território em que cada negócio está inserido. Portanto, não adianta, por exemplo, aceitar criptomoedas no caso de um pequeno negócio de bairro, reforça o especialista.

“Já para uma média empresa, cujos principais clientes se interessem por esse tipo de investimento, aceitar bitcoins pode ser um atrativo.”

Pagamentos via aplicativos  

Por fim, os pagamentos com carteiras digitais, virtualmente ou com aproximação no meio físico, através de aplicativos que permitem às pessoas quitarem as contas com o celular, também ganharam espaço após a pandemia e vieram para ficar. Prova disso é que as carteiras digitais são utilizadas por 31,8% dos brasileiros nas compras a prazo, conforme levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. Já segundo o estudo Beyond Borders 2022/2023, realizado pela fintech brasileira EBANX, as carteiras digitais devem expandir em torno de 20% ao ano até 2025 no comércio digital da América Latina.

*Foto: Reprodução/Unsplash (Mika Baumeister – https://unsplash.com/pt-br/fotografias/PZao9UjlbMY)

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